SIMARO LUTUMBA: A MORTE DE UM GIGANTE DA MÚSICA AFRICANA

Simaro Massiya Lutumba Ndomanueno (mais conhecido por Simaro Lutumba) faleceu aos 81 anos de idade no dia 30 Março do ano em curso. Entre nós seria como ter morrido apenas este ano, um David Zé ou um Urbano de Castro, os ícones da música angolana da primeira geração (pós-independência) desaparecidos no final dos anos 70.

Simaro Lutumba, foi guitarrista e compositor da primeira geração de músicos congoleses partilhando espaço com Francó Luambo, Tabu Ley Rochereau, Madilu System, Mbilia Bell e outros. Fez parte do TPOK JAZZ que dominou a música congolesa dos anos 60 aos anos 80.
Tal como os seus companheiros, influenciou o desenvolvimento e a popularidade do soukous (dança popularizada desde os anos 60) e a música do estilo rumba ou rock-rumba como é conhecida a música congolesa pelo mundo de que os congoleses preferem apelidar por "muziki na biso" ("nossa música").
Essa influência foi sensível nos estilos musicais da África subsariana até a 4ª geração de músicos liderados fundamentalmente pelos ex-integrantes do grupo musical Wenge Music 4x4 que acabaram divididos devido a rivalidade entre as duas figuras emblemáticas do grupo JB Mpiana e Werrason.
Hoje a música congolesa é liderada pela quinta geração de músicos e os nomes são Fally Ipupa, Koffi Olomide e Ferre Gola. Outros musicos desta geração são: Didier Kalonji, Celeo Scram, Didier Lacoste, Jus d'Été, Fabregas, Heritié Watanabi, Baby Ndombe, todos ex integrantes do grupo maison mere, Solei watanga, Jipson Butukundolo, Modogo Abarambua, Samy Shiton, Suzuki Luzubu, Babia Ndonga Chokoro, todos ex quartien latin e outros tantos de menor sucesso e impacto na nova geracão.

Nesta historiometria musical, não consta Lokua Kanza, um músico congolês de dimensão internacional que tem evoluido como um dos maiores ícones da música africana fora dos marcos da música congolesa.

Em 2014 faleceu King Kester Emeneya, o primeiro músico na região sub-saariana da África a iniciar a programação musical e o uso de sintetizadores através do seu álbum intitulado Nzinzi, que em 1987 vendeu milhões de cópias em todo o mundo. Em 2016 foi a vez de Papa Wemba, um dos músicos mais populares de África.
Depois de King Kester Emeneya e Papa Wemba, Simaro Lutumba é a nova perda de grande impacto na música congolesa e entre os congoleses. Se tivermos em conta que a música congolesa está entre as maiores referências de África para o mundo, percebe-se a importância histórica de Simaro Lutumba na música da RDC e de África. Foi-se um gigante.

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